quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A luta contra a esclerose múltipla contada na primeira pessoa

Livro é apresentado sábado, 31 de Janeiro, na Biblioteca Municipal de Tomar

Ana Isabel Freitas não se fechou na sua concha quando descobriu que tinha esclerose múltipla, uma doença silenciosa que avançou com passinhos de lã. Foi à luta e hoje trabalha a partir de casa produzindo quadros, peças de cerâmica e bijuteria.

“Quando dizia a alguém que tinha esclerose múltipla reparei que as pessoas não sabiam o que era”, conta Ana Isabel Freitas, 37 anos, mãe de dois adolescentes e moradora em Tomar. Foi este o principal motivo que a levou a escrever o livro “Como viver melhor com Esclerose Múltipla”, onde utiliza o pseudónimo Anne Rodrigues, que vai ser apresentado no sábado, 31 de Janeiro, pelas 15h00, na Biblioteca Municipal de Tomar. O conteúdo da obra, publicada numa edição de autor, foi supervisionado por um médico.

O livro, que conta com a colaboração da Associação Nacional de Esclerose Múltipla, inicia com uma explicação acerca dos sintomas e terapêuticas e, nas páginas seguintes, encontram-se alguns conselhos para facilitar a vida aos portadores da doença crónica. A parte final do livro é reservada ao testemunho da autora que, segundo indica, demorou dez anos até lhe ter sido diagnosticada a doença. “Os primeiros sintomas surgiram logo a seguir ao nascimento da minha filha mais nova, que tem hoje 15 anos”, conta a O MIRANTE, relembrando o primeiro surto. Uma dormência nos pés que lhe retirava, progressivamente, todas as forças do corpo, impossibilitando-a, inclusivamente de ligar a alguém a pedir socorro. O diagnóstico, após ter sido atendida, foi o de uma depressão pós-parto. Consultou outros especialistas e o diagnóstico mantinha-se. “O que fazia era deitar-me e esperar que passasse”, conta.

Como o problema regressava pelo menos duas a três vezes por ano, Ana Isabel Freitas nunca aceitou que o seu estado de saúde se devesse a uma depressão. Até porque se assim fosse considerava-se suficientemente forte para lutar contra ela. Em 2002, enquanto esperava com o marido por uma consulta de rotina no Centro de Saúde de Tomar olhou para um poster informativo que estava afixado numa das paredes. Na cabeça de Ana Isabel Freitas fez-se luz. “Eram os meus sintomas que estavam ali descritos quando li: sente dificuldade em manter o equilíbrio? Em fixar um ponto? Então pode ter esclerose múltipla”, atesta.

A consulta mudou completamente o rumo mas o clínico que a atendeu não valorizou a sua opinião. “Fui a um neurologista particular e quase que o obriguei a passar-me uma credencial para fazer uma ressonância magnética”, relembra, confirmando o exame que, de facto, já existiam várias lesões a nível cerebral. Ficou internada no Hospital dos Covões, em Coimbra, para fazer mais exames. Ficou lá durante três semanas. “Demorei dez anos a saber o que realmente tinha e fui praticamente eu que descobri a minha doença”, desabafa, salientando que, segundo os médicos, os sintomas são muito idênticos aos de uma depressão e só através de exames se consegue traçar o diagnóstico.

Devido a esta doença Ana Isabel Freitas sempre teve dificuldade em manter os empregos por muito tempo uma vez que, de vez em quando, era obrigada a ficar em casa de baixa médica por lhe faltarem as forças. “Os patrões acabavam por não renovar o contrato por acharem que estava a fazer ronha”, atesta. Por isso, e uma vez que a doença estabilizou devido à medicação que toma regularmente, encontrou uma alternativa, com a ajuda do Centro de Emprego de Tomar, para obter alguns rendimentos, trabalhando a partir de casa. Face a uma proposta que desenvolveu, a instituição ajudou-a a iniciar uma actividade de empresária em nome individual, co-financiando-lhe o website site geniusarte.com.pt onde vende os seus quadros, peças de cerâmica, de bijuteria e o seu livro.

Link do artigo: clicar aqui (Fonte: O Mirante)

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