Um grupo de investigadores da Universidade de Coimbra desenvolveu uma biotecnologia, já registada em patente internacional, que poderá abrir novos caminhos ao tratamento de doenças cerebrais, como esclerose múltipla, a epilepsia, depressão, Alzheimer ou Parkinson .
A investigação, que se desenrola há três anos, envolve investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) e do Instituto de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Coimbra.
As técnicas desenvolvidas permitirão, nomeadamente, "ensinar" as células estaminais do cérebro a introduzirem-se nos circuitos afectados pela doença a partir de manipulação farmacológica. Uma outra possibilidade objecto da investigação passa pelo cultivo de células estaminais em laboratório e posterior transplante para cérebros afectados com as doenças, explicou o coordenador da equipa, João Malva.
Segundo o investigador, com esta biotecnologia é possível identificar as células vivas e podem-se aplicar fármacos e observar como mudam a sua resposta, e até poderá dar um contributo ao desenvolvimento de novos fármacos para tratamento dessas doenças.
"A utilização desta tecnologia permitirá a descoberta de novos fármacos que actuam selectivamente em diferentes grupos de células e também descobrir novos fármacos que tenham a possibilidade de aumentar a diferenciação destas células imaturas em diferentes tipos de células que são necessárias para reparar as diferentes patologias do cérebro", precisou João Malva.
Os resultados inovadores desta biotecnologia na reparação cerebral poderão fazer-se notar em doenças em que é necessário colocar novos neurónios dentro do cérebro do paciente, como na epilepsia, na depressão ou nas doenças de Parkinson e Alzheimer, ou em situações em que se introduzem novas células (oligondendrócitos) para reparar um cérebro doente, como na esclerose múltipla.
"As patologias do cérebro são uma das principais causas de sofrimento nas sociedades modernas e são responsáveis por consumos económicos enormes. Estima-se que cerca de 30 por cento das pessoas padeçam de algum tipo de patologia ou disfunção cerebral. No entanto, estas patologias do cérebro não têm tratamentos eficientes: há fármacos que aliviam sintomas mas não promovem a cura", refere o investigador.
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