quarta-feira, 23 de março de 2011

Esclerose múltipla afecta 54 pessoas em cada 100 mil em Portugal


A esclerose múltipla (EM) afecta 54 pessoas por cada 100 mil em Portugal, contudo, a maioria da população desconhece o que é a doença, quais as suas causas e sintomas, revela um estudo hoje divulgado.


Denominado "EMCoDe: Esclerose Múltipla - Conhecer e Desmistificar", este estudo teve como objectivo "saber o número de doentes que temos em Portugal e avaliar os conhecimentos da população acerca da EM e das suas características".


Em declarações à Lusa, o presidente do Grupo de Estudos de EM e coordenador deste estudo, Joaquim Pinheiro, afirmou que foram realizados 20.057 inquéritos porta a porta em todo o país, encontrando-se 54 casos por 100 mil habitantes.

"São valores que estão de acordo com o que esperávamos e que se têm encontrado na Europa", disse, salientando, contudo, que a grande percentagem de portugueses que desconhece a doença ou não foi capaz de explicar o que é (65%), "demonstra que é preciso falar sobre a doença para a desmistificar".

Segundo referiu, os mitos associados à EM fazem com que muitas vezes os doentes sejam descriminados no trabalho e na sua vida social, sem nenhuma razão".

De acordo com o estudo, cerca de 40 por cento dos inquiridos admitiu não saber ou não ser capaz de explicar o que é a EM, enquanto que, apesar da dificuldade em referir sintomas específicos, três quartos dos inquiridos (74 por cento) consideraram que a doença tem um forte impacto na qualidade de vida dos doentes.

Segundo os dados recolhidos entre Julho e Setembro de 2010, Joaquim Pinheiro estima que existam 4.287 pessoas em Portugal com esta patologia inflamatória, crónica e degenerativa, que interfere recorrentemente com a capacidade de controlar funções como a visão, locomoção e equilíbrio.

Destas, disse, "sabe-se que 3.500 pessoas estão em tratamento" e, através deste trabalho, foi possível perceber que a maioria dos cidadãos (80 por cento) ouviu falar da doença através da Internet, rádio ou televisão.

Com este estudo, adiantou, é agora possível "planificar recursos", bem como "ter a noção de quanto dinheiro deve ou pode ser gasto com estes doentes".

Questionado sobre os custos envolvidos nos tratamentos, Joaquim Pinheiro disse que a média do custo médio por doente por ano se situa nos 15 mil euros.

No âmbito deste estudo, foram considerados 22 casos auto referidos, válidos, de EM, a maioria dos quais diagnosticado por um neurologista, sendo que a idade média à altura do diagnóstico situa-se nos 36 anos.

"Esta é uma doença que incide mais sobre as mulheres do que os homens, a partir da segunda e terceira décadas", frisou o médico do Centro Hospitalar de Gaia/Espinho.

Fonte: Agência Lusa, SIC Online, RCM Pharma


1 comentário:

mariadanazare disse...

A doença não não só é desconhecida da população em geral (que a confunde, muitas vezes, com a arterioesclerose)mas também, algumas vezes, não passa pela ideia dos profissionais de sáude. No caso da minha filha, foram precisos 5(cinco) anos, dos 12 aos 17, para que os médicos que nos assistiam, chegassem á conclusão que não eramos malucos, "não tinhamos a mania", ela não se drogava, não tinha paranoia de adolescente, não tinha stress, não estava grávida (!!!!!) e alguns nos pedissem desculpa, no fim e depois de meses á espera do dignóstico final. Hoje a minha filha tem 26 anos e, algumas vezes, quando tem surtos e vamos ao médico, somos tratadas com alguma "cautela" (para não dizer arrogancia) porque o aspecto fisico é bom, não está suja, nem se vai a babar... É duro, mas as mentalidades demoram muito a mudar e a ignorância é a mãe de todos os sentimentos baixos...