segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Esclerose Múltipla ainda está longe da cura


Uma investigação realizada no Reino Unido oferece esperança de cura aos doentes com esclerose múltipla (EM), mas a investigadora portuguesa Maria José Sá alerta que este é um trabalho que ainda vai demorar muitos anos a dar resultados.


«Uma hipótese que está a ser estudada é o transplante de células estaminais poder de facto estimular as células que produzem mielina. Como a doença se caracteriza por perder mielina, se houver possibilidade das células que a produzem poderem serem regeneradas ou estimuladas, é possível curar a doença, mas disso estamos ainda longe», esclareceu.


Actualmente não existe uma cura para a EM, mas apenas tratamentos disponíveis que podem atrasar o avanço e aliviar os sintomas relacionados.


Maria José Sá, neurologista, que preside ao I Congresso Internacional de Esclerose Múltipla, que se realiza no Porto, a 28 e 29 de Janeiro, revelou à Lusa um estudo desenvolvido por investigadores da Universidade de Cambridge e de Edimburgo que encontraram uma maneira de estimular as células estaminais de forma a regenerar a mielina, substância que envolve as fibras nervosas e que é destruída pela esclerose múltipla.


Financiado pelas instituições americanas MS Society e a National MS Society e publicado num artigo de investigação na revista Nature Neuroscience, o trabalho pode levar ao tratamento definitivo da doença que afecta milhões de pessoas em todo o mundo.


Em Portugal estima-se que existam entre cinco a seis mil doentes com esclerose múltipla.


«De facto, a substituição das células que produzem mielina é uma hipótese plausível, mas os investigadores ingleses e canadianos também têm falado muito na prevenção da doença, nomeadamente através de suplementação de vitamina D em grávidas, com historial da doença na família, e numa vacina contra o vírus da mononucleose», disse.


Para a neurologista, a doença para se declarar tem de ter «um terreno genético favorável e depois é preciso que haja factores ambientais que dêem relevância a esses genes».


«Constatou-se que pessoas que tenham tido mononucleose infecciosa (doença inofensiva na infância) na adolescência ou em adulto têm uma predisposição maior para vir a ter EM. Se identificarmos quais são os factores ambientais e quando é que actuam, poderemos pensar na prevenção da doença», sustentou.


A EM, cuja incidência tem aumentado ligeiramente em todo o mundo, é mais frequente nas mulheres, numa relação de dois para um, e inicia-se em idades jovens, entre os 20/30 anos e, às vezes, até mais cedo.


É uma doença do foro neurológico, inflamatória, crónica e degenerativa, que provoca desde distúrbios da visão e dificuldades na locomoção e no equilíbrio até à incapacidade de controlar funções como a vesical e a intestinal.


Estima-se que em Portugal existam mais de 5.000 doentes, dos quais 3.500 estão em tratamento, segundo dados do GEEM (Grupo de Estudos de Esclerose Múltipla da Sociedade Portuguesa de Neurologia). No entanto, não existe qualquer estudo de prevalência da EM, de base nacional e actualizado.


Fonte: Lusa / SOL, Expresso, DN.pt



3 comentários:

mariadanazare disse...

Olá, sou mãe de uma portadora de EM e nunca tinhamos entendido o porquê da doença, pois a minha filha é a única, até agora,na nossa família, com EM.Embora soubessemos que esse facto não era impeditivo de a EM aparecer, depois de ler este vosso artigo,lembrei-me que a minha filha teve Mononucleose Infecciosa quando tinha 4 anos. A EM foi-lhe diagnosticada aos 17 anos, embora ela apresentasse vários sintomas, desde os 12. Presentemente, tem 26 anos e vai andando bem, dentro do possível. Este estudo britânico é o uma luz ao fundo do túnel, e só temos que agradecer (e, se possível, contribuir)a quem se investiga. Muito obrigada, do fundo do coração.

Anónimo disse...

eu tenho EM desde os 12 anos e nunca tive nenhuma dessas infecçoes...É estranho...! Tenho 35 anos. Maria da Nazare, o meu mail é paula.cordas@hotmail.com

bjocas

paula

Gang da EM disse...

Muito obrigado por darem os vossos contributos!

Maria da Nazaré: também achamos que é sempre de louvar cada milímetro de investigação científica! Tem toda a razão! Sem ela não podemos, de maneira nenhuma, desejar o melhor para todos nós, não é assim?
Apesar de ainda ninguém ter descoberto a razão para a EM, existem muitas hipóteses.

Paula Cordas: Esta é apenas uma, uma hipótese, ainda em estudo. Esperemos que estas investigações continuem até que se saiba realmente o porquê de se contrair EM....

Beijinhos às duas!!